Dia 175 - Voar

Não me venha com 'migalhas de carinho'!
Não quero ninho, quero voar!
Mas, se me alimentas de bom grado, vou provar...
porém, parto sozinho,
quando em teus olhos não puder mais pousar.

A questão do amor não é procura
É 'estar' sem hora e nem lugar
Um momento exato, no tempo e no espaço,
distraídos o bastante para não perdê-lo.

O querer partir ou ficar,
não depende do outro,
do alimento,
mas do que se deixa alimentar...

Eu me alimento de pedaços ou de todo,
mas sempre a degustar...
Porque, muitas vezes, o trago amargo que nos desce a garganta
é da dor de criar esperança, do desconhecer o mundo que não
lhe pertence, de achar que solto, está perdido...

Por isso é bom voar, mas não procurar abrigo.
Quem voa, vê alto, vai longe,
curte o vento que lhe atravessa a fronte...
Deixa-se encher e esvaziar...
E se renova em seu respirar.

Viver é, mais ou menos, assim...
Um entra e sai de ar...
tudo chega e partirá...
Até que o ar não saiba mais o caminho...
Até que eu desaprenda a respirar...
Até que o céu seja apenas mais um lugar...
para onde eu olhe,
mas não veja e, portanto,
não saiba mais o encontrar...

E adormeça.

Comentários

Elvira Carvalho disse…
Mais um post de que gostei muito.
Será que já pensou algum dia em publicar o que escreve?
Sinceramente eu acho que valia a pena.
Um abraço e bom fim de semana