Dia 152 - Desencanto

E do 18° andar de suas lágrimas, foi para a varanda olhar o horizonte, quem sabe estava lá o que lhe faltava?

O luar prateado lhe cumprimentava, o vento frio lhe causava arrepio, estava viva, antes o abraço do vento que o nada.

As ondas no seu ir e vir lhe acalentava. Tudo que vai, volta e vice-versa - pensava.

Com lágrimas nos olhos pensava que, talvez, não devesse ter ido...ou voltado, mas não fazia diferença, estava ali, naquela varanda, olhando o beijo do céu no oceano e atrás de si apenas a porta que faltava atravessar para ir embora. Esperava somente a hora.

Na varanda do prédio ao lado alguém em pé degustava um cigarro, mudou seus pensamentos por um momento mas voltou a olhar o mar, que do 18° andar, era maior ainda em sua formosura, prata, azul marinho, luz no horizonte, navios que estavam longe, luar alto a brindar quem, naquela noite, soubesse amar. Ela já não sabia, mas olhava o horizonte na busca de um outro cais, um porto que a quisesse, que a esperasse a tanto tempo, que assim como ela olhava o horizonte para ver, nem que fosse ao longe, a luz do seu querer.

Pensava que naquela noite fresca, seria maravilhoso encontrar a parte que lhe faltava, e simplesmente compartilhar um singelo momento de olhar o mar, daquela altura, prateado ao luar.

Apesar de sua desconfiança, de que houvesse alguém a sua espera, lhe invadiu o peito uma pequena esperança, de que mesmo distante, houvesse realmente uma outra parte que não estivesse como ela. Quem sabe teria mulher, filhos, uma casa cheia de amor, um arrepio, que não fosse de frio? Quem sabe estaria agora a dormir abraçados, sua outra parte e seu bem-amado? Quem sabe estivesse a admirar aquela lua, feliz de ter alguém ao seu lado? Era bom pensar assim, melhor do que sentir atrás de si uma parede de tijolos gelados.

Sim - respondia pra si com esperança. E um leve sorriso se esboçou em seus lábios...era hora de ir embora...e olhar o mar de outro lugar.

Comentários

Elvira Carvalho disse…
Lindo este texto Geo. Lembro-me que quando eu comecei a frequentar o seu blog me sentia fascinada pelos seus escritos. Mas depois houve uma fase em que andou um tanto desanimada, sem vontade de escrever, postando poemas de outras pessoas e vídeos. Este texto me faz lembrar quando escrevia com gosto.
Um abraço e parabéns

Ah não foi meu niver não. Já passei a idade das princesas. Foi uma sobrinha que me é muito querida. Nós (eu e o maridão) festejámos no sábado 40 anos de casados. E mais 4 de namoro.
Um abraço
Maria Oliveira disse…
Ah... o mar... sempre o mar!

Lindo blog
Abraço
O Profeta disse…
Um texto de profundidade rara...vindo do sentir de um ser maravilhoso...tu...


Doce beijo
Elvira Carvalho disse…
Passei por aqui. Na ausência de novidades deixo um abraço e votos de bom fim de semana.
Geo Schumacher disse…
Obrigada querida Elvira, pelo constante carinho! Estou tentando escrever com mais frequência, tb fico triste quando me faltam as letras...Beijos!

Paula! Seja bem-vinda a esta casa e volte mais vezes, o mar realmente é misterioso, por vezes inexplicável, lindo, profundo, um ciclo sem fim...talvez nos encante tanto porque somos parecidos com ele...Beijos!

Profeta, que bom vê-lo por aqui! Obrigada pela gentileza! Beijos!
Elvira Carvalho disse…
Olha que bom, a menina falou.
Amiga, se quiser saber qual vai ser a herança, passe pelo Sexta.
E diga de sua justiça.
Um abraço e deixe de ser preguiçosa. As letras estão aí todas dentro de si. Só precisa passá-las para o pc.
Elvira Carvalho disse…
Passei por aqui. Na ausência de novidades, deixo um abraço e votos de bom fim de semana
Elvira Carvalho disse…
Tenha uma boa semana.
Um abraço cheio de saudade.