Dia 98 - Do Amor

Não mandamos no coração, isto é fato, nos apaixonamos sem nos darmos conta de quando, como ou porque, o fato é que ambicionamos ser para o nosso par "a pessoa" e não uma pessoa, talvez por uma necessidade de ser especial pelo menos para quem amamos.
Para mim, não existe o amor da vida, mas o amor do momento. Momento este que pode durar uma vida por diversos motivos, mas principalmente porque aprendemos a ver o outro para além do que nossos olhos alcançam. Neste ponto para mim é que a paixão se difere do amor, na primeira temos o sentimento de posse, como um bem especial que não queremos repartir, momento de encanto, de fogo, que pode consumir-se ou alterar-se em sua natureza tornando-se água.
A água para mim é o amor, segue seu curso, naturalmente, aos poucos, com obstáculos que vão sendo ultrapassados com o tempo, se olharmos o caminho percorrido pela água veremos arquiteturas, marcas sinuosas que não serão desfeitas com o tempo, a toda uma história escrita no leito de um rio.
Acredito também que para se chegar ao amor (digo de homem e mulher) há estágios, sempre passamos pela paixão, mas superá-la depende muito mais do que nossa vontade, depende de entrega, dedicação, sensibilidade...não quero possuir quem eu amo, quero que este seja feliz, sempre.
Podemos amar várias pessoas em nossa vida, em momento distintos, nunca de formas iguais, podemos nos apaixonar e achar que é amor, mas em algum momento vamos escolher, em algum momento vamos querer que aquela pessoa nos acompanhe por mais tempo, porque vamos ver em seus olhos mais que fogo, vamos ver todo o percurso da água, e suas margens, e sua natureza, e seus frutos...e vamos querer repousar ali. Por quanto tempo? Não sabemos, outros rios poderão cruzar com este...por isso finalizo com Vinícius de Moraes:


Soneto do Amor Eterno

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes e com tal zelo, e sempre e tanto
que mesmo em face do maior encanto
dele se encante mais meu pensamento.

Quero vive-lo em cada vão momento
e em seu louvor hei de espalhar meu canto
e rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou ao seu contentamento.

E assim quando mais tarde me procure
quem sabe a morte, angustia de quem vive
quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Comentários

António Inglês disse…
Olá Geo

Vejo que mudou de visual.
Bem bonito este novo.
O amor para mim só acontece quando duas coisas se encontram e chegam à mesma conclusão.
São elas, os olhos e o coração.
A conclusão é a de que a pessoa é aquela.
A partir daí, tudo se solta e a vida acontece em todo o seu esplendor.
Nessas alturas, por mais que nos chamem, não ouvimos, não queremos ver, só queremos viver, amar.
Um grande abraço para si Geo.
José Gonçalves
Vicente disse…
Amar é acontecer...é o exercicio da tua natureza...és tu a existir, entendes... paixão é fogo qu earde forte e rápido...devastador...Amor é quando o outro é a tua felicidade...pois és no outro...já te expliquei que o amor é um..que não podemos confundir a chama com o que suporta a chama, verdade?... pois assim que , obviamente que podemos amar sempre outros...
Um beijo
Anderson San disse…
A paixão seria uma mistura de tesão, encantamento, beleza, vontade de ficar junto, compreensão em dose cavalar e o amor já seria tudo isso em leves doses homeopáticas e terapêuticas para manter o quadro estável s/ intercorrencia. bj gatona.
Elvira Carvalho disse…
Mudou de visual novamente,. Visual Outono-Inverno verdade. Tem livro de reclamações? Ah pois é eu quero fazer uma. Os seus lindos olhos vêem bem, mas os meus estão velhoes e pitosgas e tive que ir buscar uma lupa para ler o post. Dá para pôr a letra um nadinha maior?
Geo, eu não acredito que o amor ou se sente logo ou nunca se sente. Eu não sei se já lhe contei isto mas penso que não. Quando eu bati os olhos no meu marido eu soube que era o homem da minha vida. Ele não. Andava todo entusiasmado com outra jovem que felizmente para mim não lhe ligou nenhuma. Porque se assim não fosse provavelmente nós nunca teriamos casado. Com o meu geito fácil de fazer amigos, em pouco tempo éramos os melhores amigos do mundo. Um dia, ele disse-me que gostava de namorar comigo. Não me amava, se eu lhe dissesse que não continuariamos amigos como dantes, mas acreditava que poderiamos vir a ser um casal feliz, porque gostava do meu geito de ser e tinhamos uma grande amizade e cumplicidade. Confesso que hesitei. Não é facil uma mulher começar uma relação com um homem que diz que não nos ama.
Mas eu amava-o demais. E aceitei.
Casámos há 42 anos, e todos os dias trocamos juras de amor, beijamo-nos a qualquer hora, passeamos de mãos dadas e dormimos sempre abraçados. Passámos por altos e baixos sempre apoiados um no outro, e gostava de saber quantos casais que se casam loucamente apaixonados chegam á nossa idade com este amor, este carinho, esta cumplicidade.
Um abraço


À margem: está tudo bem consigo?
António Inglês disse…
Tenho para si, em minha casa uma lembrança que gostaria de lhe oferecer.
Um abraço
José Gonçalves
Elvira Carvalho disse…
Hoje distribuição de mimos aos amigos. Só não aceita quem não fôr amigo.
Um abraço